Hoje, 21 de março, foi instituído o Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial como um marco na batalha pelas conquistas de direitos sociais para a população negra. Essa data foi definida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em memória às 69 vítimas fatais do “Massacre de Sharpeville”, ocorrido em 1966, na África do Sul. Em meio ao apartheid, 20 mil pessoas negras protestavam pacificamente contra a instituição da Lei do Passe, que previa a obrigatoriedade de negros portarem cartões de identificação nos quais constavam os locais aonde eles poderiam ir, quando tropas do exército local começaram a atirar contra os manifestantes – 186 pessoas ficaram feridas após o massacre.

A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, tratado internacional de direitos humanos adotado pela Assembleia das Nações Unidas, define discriminação racial como:

“toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública”.

 

DISCRIMINAÇÃO RACIAL E TRABALHO

As ocorrências flagrantes da discriminação racial chamam a atenção constantemente através de ofensas verbais, injúrias e agressões de diversas maneiras. Mesmo com os casos de racismo ainda recorrentes, nas relações trabalhistas o que predomina é o racismo velado, ou seja, a discriminação nas entrelinhas, sem que o emissor do racismo e/ou o discriminado tenham plena consciência do preconceito racial, o que torna complicada a identificação e a acusação.

Uma pesquisa realizada pela plataforma de vagas InfoJobs, em 2022, mostra exatamente esse tipo de relação entre o racismo velado no mercado de trabalho e as dificuldades de inserção dos profissionais negros. De acordo com os dados, 65% dos respondentes que se autodeclaram negros afirmaram que nunca sofreram preconceito racial durante os processos seletivos. No entanto, um outro dado obtido pelo levantamento contrasta com a informação: quando perguntados se a questão racial dificulta a colocação no mercado de trabalho, 75% disseram que ‘sim’ ou ‘às vezes’.

Os dados ainda revelam que, para 73% dos respondentes, pessoas negras não possuem as mesmas chances que outros profissionais. Para 85%, ainda que uma pessoa negra seja extremamente qualificada para uma posição, ela irá enfrentar dificuldades para conquistar uma vaga, quando comparada a um candidato branco.

 

Por Sindicatos Online